quarta-feira, 19 de abril de 2017

Ele senta-se…
Numa cama que não a sua…
E encara o mundo lá fora…
Ele deseja… abraçar cada rua…
Ir-se embora…
Sentir,
A neve a cair…
No entanto, foi-lhe pedido que se comportasse…
Ele ouve, a voz do seu menino;
“Não é como se te abandonasse…
Virei sempre que puder, pai…”
Quanto tempo já lá vai,
Desde que estas palavras foram ditas…
Um ano? Dois?
Uma vida?
Ele tinha uma casa, que não esta…
Muito antes de lhe lembrarem que hoje,
Para nada presta…
Após todas as batalhas que sobreviveu…
Pelo seu sangue,
Toda a Fome conheceu…
Porque o que o deixaram neste lugar…?
Dizem que se chama “lar”…
Mas ele sabe,
Apesar do pouco que se recorda…

(Deixa que a luz se apague.)

Que o seu filho virá…
A qualquer hora……

(Fecha os olhos…)

Carlos Miguel Vieira
 ©2016

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